terça-feira, 22 de agosto de 2006

Pedi-te um nome

Um estranho bater de asas… e voei!
Sorri-te…
E chorei-te de amor… falei-te dele, convidei-te a entrar! E pedi-te uma cor… uma simples cor… deste-me poções de magia e disseste-me “podes pintar o arco-íris”.
Lembrei-te a cor, o cheiro, o desusado sentir que ainda não tinhas experimentado e lembrei-te o bem-querer que fomos cosendo desde o dia em que sorrimos um para o outro, pela primeira vez. Falei-te de sonhos e de fadas que me pintam as noites longe de ti, escrevi-te no corpo as palavras que sozinha não sei escrever e o sofrimento que detenho e sorri-te…
…porque me fazes querer amar, e me fazes sentar na arei e conspirar o mar sem receio de te perder no infinito, porque me fazes guardar memórias na máquina dos sonhos e me desprendes as asas deixando-me voar…
E pedi-te um nome… e tu sorriste
“és dona de um nome”… e eu sentei-me de pernas cruzadas, ri-me, suspirei alguns sussurros de doçura e respirei-te! Respiras com força, harmoniosamente, sem pressa, com jeito e com pedidos de embalo!
Sorrio-te…
… porque um dia também me pedirás uma cor… e pintar-te-ei um céu!
… porque um dia me suplicarás um nome… e eu dar-te-ei um sonho
!

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Perdida na casa, ainda tão recente!

Não devia estar no meu completo entendimento quando decidi mudar de casa, mas em certos momentos da vida acabamos por nos ilibarmos e inventamos logo mudanças que só nos vão encher os dias de tarefas inúteis perante as quais arregaçamos os braços de determinação e conseguimos desprezar o que era mesmo importante. O que era essencial ontem deixou-o de o ser hoje. E assim os dias vão passando, sem pressa, sem arrojo, mas talvez repletos de amor.
Hoje encontro no teu peito o coração triste e cansado, mas ainda tão repleto de caixas de chocolate coloridas de amor, amor sem destino certo. Encontrei um lugar especial nessa nova casa, onde as guardo encaixotadas dentro de um armário fechado a chave de memórias e sonhos ainda tão vãos.
E à noite, sozinha, perdida na casa ainda tão recente, sinto a saudade de entrar na sala que antes tinha repleta de sol e sentir que esse podia ter sido o meu lugar perfeito. Então choro enroscada no meu sofá, o mesmo da outra casa, enrolada na minha manta áspera, ainda a mesma que me abraça nas tantas noites melancólicas e lamurientas, e olho para as janelas, ainda com as persianas em baixo e imagino o outro lado do horizonte, talvez nele esteja aquela casa certa e perfeita que nos pode fazer viver a ilusão de uma mudança qualquer que não sabemos para onde nos leva.
E quando dou conta já estou a respirar sossegadamente, quase sem sibilos a ecoar nos meus pensamentos, e a encaixotar os meus sonhos nas divisões desafogadas do meu coração, que ama sem poiso fiel, sem casa concreta, e vou-me perdendo nas imensidões de casas que já habitei, que hoje não passam de meros espaços caóticos e exauridos de memórias, e hoje esta casa é segura, ainda não sei por quanto tempo, porém fica no meu pensamento a ideia que esta talvez um dia, também ela, passe a ser outra vez um lugar qualquer que morreu.