sábado, 25 de fevereiro de 2006

Eu vi, mas não agarrei

Depressa acordei com a dissidência intenção de voltar a adormecer.
Um sussurro da chuva expediu-me a noticia que o nosso amor se esgotou.
Levantei-me em surdina, olhei pela frincha que me consentia antever o tempo lá fora, gélido.
Não alcancei o céu, desfechei a janela e calmamente o estranhei.
Receio. Agitação. Um amontoado de sensações que me escalavraram os sentidos e me fizeram desprezar a veracidade, por concisos ápices.
Semicerrei os olhos e sofri a doçura da lágrima que fluía.
O nosso céu azulou-se, deixou porquanto a reminiscência de uma nuvem determinada a carpir, e desmoronou-se.
Desatinadamente enclaustrarei a janela e asilei-me no abraço dos lençóis, ainda cálidos.
Deixámos o nosso amor morrer, sem tão-pouco nos entrevermos disso.
Dormi tanto que os meus sentidos prescindiram de poder ser alcançados.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Na brandura das horas

Palpitações ecoam no corpo que habito.
Desenfreadas, velozes, prestes a sufocarem-se em ti.
Danço no ar que desprendes, nos sonhos que indelicadamente busco.
Sem demora debelo os sorrisos ilusórios que desfazes.
Adormeço no meu colo, na brandura das horas que não sinto desampararem-me, e sonho!

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Desapetece-me a incerteza!

Flutuo através das envoltas palavras que o mar alvoraçou.





Náufragas deste contestar:
-Queres aprender a voar para longe de mim?

(Desapetece-me a incerteza!)
-Gosto de ti!
(Sonha o vento que lhe murmura o beijo aconchegado por uma onda.)
Abono agora ao vento que me leve o gostar...