terça-feira, 30 de janeiro de 2007

De olhos bem fechados

O meu corpo vai cair, cair, assim pausadamente, consegues imaginá-lo? Vai desafiar as leis da gravidade e vai cair vagarosamente, como se fizesse parte de uma memória, típico de uma cena dramática. Consegues ver as minhas mãos, ainda a metros do lençol frio da minha cama, a chorarem pelo céu? Sei que os teus olhos estão bem fechados, e só tu consegues imaginar o meu corpo a esticar-se graciosamente e os meus braços a abrirem-se, a desejarem tocar o céu da tua alma. Quando o teu corpo estiver quase a tocar o meu, vou-me ajoelhar ao teu lado e implorar-te esse sorriso meloso. Sim, esse mesmo que me faz percorrer cada ruga da tua face, essas doces marcas desses momentos incomparáveis em que me sorris. Como me lembro do seu desenho, da sua cor… imploro-lhes subterfúgio da recordação dos nossos sorrisos deitados por cima dos episódios amargos. Foi a minha mão que te beijou a nuca? Foi o teu ouvir que me preencheu os sonhos? Foi o meu nariz que te roçou o pescoço a mendigar desassossego? Foste tu que me impregnaste de amor? E tu? Sei que os teus olhos estão bem fechados e só tu consegues imaginar o meu corpo a esticar-se graciosamente...