segunda-feira, 31 de julho de 2006

Despedi-me!

Estás aqui, ainda a abraçar-me como quem não dá conta, a deixar o amor levar numa brisa invisível aos olhos a nossa alma para o aquém, e ainda não sabes quem és, mas estás aqui, com promessas e sentimentos que guardaste com a tua despedida... e ficaste aqui. E tudo o que em mim existiu, persiste numa embaciada memória, que não me apeteceu esquecer, que em tempos me doeu, e que ainda me escalavra quando conto as palavras que escondeste com a tua confusão. Deixa-me ficar sozinha hoje, nestes minutos... Não estejas aqui… Imploro-te!
Sabes que ainda ouço o teu sorriso nas noites frias e lamurientas do Inverno da minha alma? Sabes que ainda sinto o calor do teu abraço a segurar as minhas lágrimas e os pedaços do meu coração débil? Sabes que consigo saborear os gomos de tudo que esvaeceu num tão ácido segundo, de repente?
E sabes que te deixei ser o que queria que tu fosse… talvez nunca aquilo que realmente tu eras… ou querias ser? Nem por isso…
Não sabes… mas estás aqui! Julguei ser fácil amar-te, tão fácil, e ainda o julgo, de cada vez que me olhas… cada vez que me diriges a tua atenção. Por isso permaneces aqui. Enquanto me perco entre inspirares e expirares, conturbados de sonhos pretéritos e incertos, estás aqui. Apesar de nunca to dizer, nem o sentir da tua parte, o amor esteve aqui. Despedi-me de ti, e tu ainda estás aqui.
Reconheço-te a silhueta… e o aroma da tristeza que ainda emanas! Porém despedi-me com um beijo silencioso, de quem quis ver-te sorrir de verdade e nunca o conseguiu!
Despedi-me… do que nunca fomos!

Despedi-me!

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Já me atrevi

Quero acometer um atrevimento agora enquanto me imaginas, e percorres as letras que escrevo, como se fossem os meus dedos pelo teu corpo.
(Que atrevimento? Hn? Sorris? Talvez)
Quero descolar-me dos meus sentires confusos, abrir uma janela dos meus pensamentos, com os dedos transbordantes de desejos e profanar-te o amor.
Descobrir uma passagem dos meus desejos e saltar, com uma perna, depois outra e depois o resto do corpo, até me sentar na tua frente, com o sorriso no cara e nas minhas costas os teus braços reconfortantes.
Já me atrevi? Hn?
Encosto a minha testa no teu ombro, sinto-te a respiração acelerada, e os teus lábios semi-abertos de espanto, e com os dedos envolventes traças linhas imaginárias no meu corpo, dançando por ele, como que confirmando que estou aí.Tocas-me com os teus olhares despojados e afagas-me o corpo com o calor do teu, sem pronunciar palavra, deslizas os teus dedos pelo meus cabelos rebeldes até repousarem no meu rosto, onde descansam por momentos, prosseguindo a sua caminhada pelos meus lábios e continuando a descer. Demasiado arrojo? Talvez.Suspiros. Meus e teus.Deixo-me deslizar pelo que insistentemente queres que seja, sem o ser. E sento-me no teu colo, insolente. Aproximo os meus lábios do teu coração, ainda sem uma palavra, ainda sem conseguir que toques o meu, como eu o teu. Aconchego-me no calor do teu colo, e provoco-te. Sinto as cócegas na barriga com a estranheza de quem não se reconhece. Sussurro-te o meu medo, sem falar. Não consegues alcançar nem compreender, talvez com medo da imensa incompreensão criada pelos nossos olhares desordenados. Encostas o teu peito no meu, e sinto-o a acometer o meu. E depois… receio perder-te com o mesmo atrevimento, aqueloutro, em que sou a tua visita insolente e corrompida de amor.
Já me atrevi, vezes sem conta! Hn?!

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Talvez

Ficaste a ser dono de ti sem contestar [pois foi], na sombra do teu corpo, cada vez mais indolente. Ficaste a sorrir enquanto eu não te olhava. Foi só a perda de um pequeno ser teu que não gosto, mas que intento. Possas tu saber amar-me e ver no espelho dos meus olhos os teus próprios defeitos. Possas tu ter os ombros fortes para aguentar o peso das minhas lágrimas, possas tu ter o coração robusto para não teres medo de encarar a verdade que te escondo, mesmo depois de te sorrir, sem te olhar. Possas tu estar despido de ti…. E talvez aí te encontre… e te prenda as asas que tanto batem, sem pouso certo. Talvez aí te sonhe, como quero que sejas. Talvez aí te ame, talvez, sem medo de o querer.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Ser eu não é condescendente


Desembrulha as ternuras, que se escondem nas asas das nuvens, que te deixam a pele cinzenta e o coração com a serenidade de amar. Escuta o pêndulo do sol que te anuncia as horas tardias, que te veste os sonhos em saracoteados de luas distantes, e voa para lá do mundo palpável. Se ainda pensas que vives naqueloutro, que se esconde no carpir do céu.
Calça as estrelas que saltitam no firmamento que te abarcam o fingir, nesse sorriso que pinta quanta felicidade derramas. Entoa o ar que te envolve e vai fazer do mundo o teu recanto da alma![Se ainda a possuis.] Atira-te aos teus desejos, rodopia na tua imaginação e deixa-me apenas as memórias do tempo que estamos juntos… sem ninguém cúmplice do que sentimos. E deixa-me dançar contigo, numa dança serena e solitária da pessoa que em mim morre, que em nós renasce, sem pressa, sem receio, sem vontade de ir mais longe. Se ainda te julgas livre devias desprender-te dos nós em que te embrulho, cansados de não saberem amar. E quando te desencobrires, talvez aí, te sintas despeitado, sem nunca ter entendido os meus pensamentos confusos de emoções tresloucadas e pálidas. Mas tu, melhor do que ninguém, sabes que não me conheço, que não sei quem sou. Ser eu não é condescendente. Ser eu não é fácil. E tu? Será que tu sabes o que és... Quem és?!