quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Para sempre...

Em ti parou o mundo, naquele pretérito de tempo em que fico e vou, mas sempre naquele dia, naquela luz que transcendes, naquele teu sorriso, tão único, tão especial.
E não sei em que dia foi esse, em que me largaste a mente e me preencheste o coração. Sim… veio e eu confiei, cegamente, sem olhos a roubar-me os sonhos, aqueles que eram tão me
us, tão únicos, tão especiais.
E ninguém me prometeu esse sorriso, mas eu confessei-me nele, tão único, tão especial.
E brinquei com ele, com eles, com tudo a que tive direito e não tive. Não sei quantas vezes caí, quantas vezes me levantei… hoje e naquele dia roubei-te a alma, tão única, tão especial.
Assim, tal e qual como naquele dia, tão único, tão especial… Para sempre.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Outono




O dia escuro de hoje trás sonhos que foram e vieram a sussurrar daquela outra terra. Suspiraram o frio contra nós… mas há sempre algo que nos acalenta. Aquele sorriso da folha que cai… apesar do ar frio que nos infesta as entranhas. É como um doce que se surra … em que incessantemente existe a esperança de o voltar a inventar em qualquer cantareira de sonho.
E lá fora continua o frio, aquele senhor que aperta o Outono, e os doces vão se encobrindo de esperança e vontades.


Mas, mesmo assim, eu vou chamar-te sempre meu amor…

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

De olhos bem fechados

O meu corpo vai cair, cair, assim pausadamente, consegues imaginá-lo? Vai desafiar as leis da gravidade e vai cair vagarosamente, como se fizesse parte de uma memória, típico de uma cena dramática. Consegues ver as minhas mãos, ainda a metros do lençol frio da minha cama, a chorarem pelo céu? Sei que os teus olhos estão bem fechados, e só tu consegues imaginar o meu corpo a esticar-se graciosamente e os meus braços a abrirem-se, a desejarem tocar o céu da tua alma. Quando o teu corpo estiver quase a tocar o meu, vou-me ajoelhar ao teu lado e implorar-te esse sorriso meloso. Sim, esse mesmo que me faz percorrer cada ruga da tua face, essas doces marcas desses momentos incomparáveis em que me sorris. Como me lembro do seu desenho, da sua cor… imploro-lhes subterfúgio da recordação dos nossos sorrisos deitados por cima dos episódios amargos. Foi a minha mão que te beijou a nuca? Foi o teu ouvir que me preencheu os sonhos? Foi o meu nariz que te roçou o pescoço a mendigar desassossego? Foste tu que me impregnaste de amor? E tu? Sei que os teus olhos estão bem fechados e só tu consegues imaginar o meu corpo a esticar-se graciosamente...

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Fica comigo esta noite

Reflexos de luz, vindos de momentos passados, rasgam os céus nesta noite pardacenta. O meu corpo exclama a luz divina que quebra as sombras nas tuas mãos celestes, que me tocam o desejo, fogo etéreo que aparece para quebrar o ar que me sufoca o sentir.
A porta da vida, entreaberta, dança numa melodia para trás e para a frente. E eu espero-te. Não vens esta noite, mas eu acredito que voltas ainda hoje. Canto, uma velha presse, de palavras antigas, que tu já conheces tão bem. Deixo que o meu espírito abandone o corpo, que se envolva no ar, e se mescle com o passado, em pleno presente.
O corpo, desamparado, entregue a si mesmo, sente a ausência de comando, e perde o sentido da vida, tombando nos meus sonhos por ti. Sonho-te esta noite em espasmos de prazer, que alvoraçam os sentimentos, que fustigam a alma, que desperta com o seu ímpeto, para um mar de nostalgia.
Entrego-te o espírito, para que o leves todas as noites, pois só em ti sou louca. E ondas, várias ondas de reflexos do impacto inundam-me os pensamentos. Abraço-te, amorteço-te os medos, embalo-te num sono profundo, sim, em pensamento, pelo menos esta noite. Entrego-te a vida, em troca da demora, da pureza das emoções, das ilusões e dos sonhos que em mim despertas, todos os instantes em que adormeço no teu peito, e sempre que estás longe de mim e me obrigas a pensar-te.
E sim, esta noite trocava todo o prazer do mundo só para adormecer nos teus braços.
Fica comigo esta noite!

terça-feira, 12 de setembro de 2006

A cor que não posso escrever

Agasalho-te no meu armário, onde o escuro só nos convida e encanta.
Quando todos se forem e levarem com eles o tempo desencaixado onde habitam, e onde a ausência do ser lhes sepulta o sentir, vou fechar-lhe as portas, recuar, dar duas voltas à chave e entrar também… e ficar ao teu lado.
Agora que ninguém nos vê, vou deixar-te dizer quais são as minhas nódoas, copiosamente coloridas, que pitorescamente amas. Enquanto coabitamos no mesmo ar, partilhando a presença do ser que nos sepulta o sentir, aconchego-me em ti. Tenho os sentidos despertos e despidos e neles o arrojo de te enclausurar em correntes que me encarceram o pensar.
Prendo os meus dedos nas tuas costas... e respiro-te.
Perenemente indiferentes não ouvimos o ruído desabrigado, nem contemplamos a luz desamparada lá fora. E, antes que tenhamos o tempo de dizer mais, nascem sonhos, mais e mais sonhos, onde pousam os nossos pensamentos.
Prendo-te no meu corpo, agora ainda com mais fôlego, e prendo-te a boca suada e faminta de mais amor.Antes de te desprender, vou dar-te à boca pedacinhos da nuvem onde durante toda a noite sonhamos. Sentir-te mais uma vez. E sorrir.
E dizer-te que quando partires
as minhas cores vão fugir
as minhas roupas amarrotadas vão cheirar a mofo
e a nossa nuvem, quando nos sentir a virar a vista, muito discretamente, vai chorar.
Até que voltes a aconchegar-me o corpo sequioso de consolo, de conforto, de banhos de candura e insaciável de cores verdadeiras…
Até que me devolvas a tua cor… aquela que não posso escrever. Descobres?

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Pedi-te um nome

Um estranho bater de asas… e voei!
Sorri-te…
E chorei-te de amor… falei-te dele, convidei-te a entrar! E pedi-te uma cor… uma simples cor… deste-me poções de magia e disseste-me “podes pintar o arco-íris”.
Lembrei-te a cor, o cheiro, o desusado sentir que ainda não tinhas experimentado e lembrei-te o bem-querer que fomos cosendo desde o dia em que sorrimos um para o outro, pela primeira vez. Falei-te de sonhos e de fadas que me pintam as noites longe de ti, escrevi-te no corpo as palavras que sozinha não sei escrever e o sofrimento que detenho e sorri-te…
…porque me fazes querer amar, e me fazes sentar na arei e conspirar o mar sem receio de te perder no infinito, porque me fazes guardar memórias na máquina dos sonhos e me desprendes as asas deixando-me voar…
E pedi-te um nome… e tu sorriste
“és dona de um nome”… e eu sentei-me de pernas cruzadas, ri-me, suspirei alguns sussurros de doçura e respirei-te! Respiras com força, harmoniosamente, sem pressa, com jeito e com pedidos de embalo!
Sorrio-te…
… porque um dia também me pedirás uma cor… e pintar-te-ei um céu!
… porque um dia me suplicarás um nome… e eu dar-te-ei um sonho
!

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Perdida na casa, ainda tão recente!

Não devia estar no meu completo entendimento quando decidi mudar de casa, mas em certos momentos da vida acabamos por nos ilibarmos e inventamos logo mudanças que só nos vão encher os dias de tarefas inúteis perante as quais arregaçamos os braços de determinação e conseguimos desprezar o que era mesmo importante. O que era essencial ontem deixou-o de o ser hoje. E assim os dias vão passando, sem pressa, sem arrojo, mas talvez repletos de amor.
Hoje encontro no teu peito o coração triste e cansado, mas ainda tão repleto de caixas de chocolate coloridas de amor, amor sem destino certo. Encontrei um lugar especial nessa nova casa, onde as guardo encaixotadas dentro de um armário fechado a chave de memórias e sonhos ainda tão vãos.
E à noite, sozinha, perdida na casa ainda tão recente, sinto a saudade de entrar na sala que antes tinha repleta de sol e sentir que esse podia ter sido o meu lugar perfeito. Então choro enroscada no meu sofá, o mesmo da outra casa, enrolada na minha manta áspera, ainda a mesma que me abraça nas tantas noites melancólicas e lamurientas, e olho para as janelas, ainda com as persianas em baixo e imagino o outro lado do horizonte, talvez nele esteja aquela casa certa e perfeita que nos pode fazer viver a ilusão de uma mudança qualquer que não sabemos para onde nos leva.
E quando dou conta já estou a respirar sossegadamente, quase sem sibilos a ecoar nos meus pensamentos, e a encaixotar os meus sonhos nas divisões desafogadas do meu coração, que ama sem poiso fiel, sem casa concreta, e vou-me perdendo nas imensidões de casas que já habitei, que hoje não passam de meros espaços caóticos e exauridos de memórias, e hoje esta casa é segura, ainda não sei por quanto tempo, porém fica no meu pensamento a ideia que esta talvez um dia, também ela, passe a ser outra vez um lugar qualquer que morreu.