quinta-feira, 9 de março de 2006

Nessa terra de ninguém


O céu estava encoberto, a noite negra mas não mais fria do que o dia.

Foi somente então que, no calor luminoso em que ele se tornava ainda mais irreal, ela o abraçou.

Ela sentia-se, tanto quanto isso era possível. Cingiu a alucinação do seu ser imperfeito.
Forjou-lhe os sonhos sonegados… concernentes dessa
terra de ninguém.

Apertaram-se sem levantar os olhos. Ele sabia o sufoco que lhe polia.
Os seus corpos, fatigados e destilados de amor, consumiram as ruínas dos seus sentidos rebuscados.
Olharam-se e os seus vultos eram a presa de sombras turbulentas.

Ele desamparava-a, mas alumiava-lhe algum alento, com o seu sorrir de miúdo inocente, confiando-lhe incessantemente ânimo para uma viagem de esperança, sem retrocesso.

Quiseram adormecer a serenidade de sonâmbulo que lhes percorria o alento, sem contudo tocarem a distância a que se descobriam… nessa terra de ninguém.

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