Extasiada em ti sorri-te. E tu sorrias-me. Quase podia jurar que era amor. Talvez não. Não disse nada com medo que alguma das palavras fosse a correcta. Ou imperfeita para a minha pertença de te sentir. E então voltei a sorrir-te, sorri sem apreensão, sem cismar, sem defesas e sem qualquer aconchego. Sorri-te porque o que engendro de ti me faz sorrir. Afinal, afiguro-te como uma nódoa copiosamente colorida numa imagem tão sombria do que sinto por ti. Por momentos achei-te amimado em mim, só depois percebi que era eu quem te bem queria, que era eu quem te cuidava, naquele silêncio e quem te contemplava naquela cumplicidade só nossa. E amiudadamente sorri-te, por tudo o que não tinha vislumbrado, como se até agora a minha alma não tivesse mente. Riste-te. Quase que me sorriste com os olhos mas, no entre quase, só mostraste as covinhas que esboças na face enquanto sorris. E eu, mais uma vez, sorri-te. E enquanto ia dançando no firmamento, que anteriormente nos amparou, assoberbei-me de coragem para, enfim, não te voltar a sorrir e jamais deslindar nessas covinhas, com algum desassossego de ruir nelas. Em tempos, enquanto me prendia de te sorrir… sorria-te intimamente de forma débil. Imbecilidade ou não fui redundando o bem-querer e o oportuno sorrir-te. Porém, descuidadamente persisti em te sorrir, nunca aguardei o teu sorrir em troca, somente invejei cuidar do teu desdém. E não te voltei a sorrir. Nem sequer o absorveste, estavas e permaneces deveras embebido em ti. No entanto, de vez em quando, ainda me esmiúças um sorrir. Mas agora sou eu que, decididamente, renunciei de te sorrir.
terça-feira, 30 de maio de 2006
sábado, 20 de maio de 2006
Vício de amar
Eu ao contrário de ti vivo na lucidez, que até então estava perdida, e vivo dentro de mim, na etapa da tua ausência. Vendi a minha caixinha de vida, pintei o meu corpo daquela cor de esperança e assoberbei-me de amor. Alheei-me da minha própria existência, e não me perguntes como, sinto-me feliz e não me sinto só. Enrosquei-me de amor. E a minha crença inabalável em amar faz-me ser uma espécie de peregrina sem destino. Amo porque preciso de amar, para viver. Sim, tenho receio, tanto medo, de perder a direcção e desbaratar a minha alma, num trajecto sem encruzilhadas e sem destino retrógrado. Infortúnio dos deuses, ou desse tal Deus que tantos proferem, em nenhuma circunstância o meu caminho é o mesmo que o teu, e não me é permitido interferir no teu desígnio, no que pensas ou sentes, quanto mais mudar o curso da tua vida. E os dias perdem o que tu não cedes. E eu respiro amor. Preciso de o sentir a cegar-me. E quero acreditar que apesar do silêncio sentes tudo o que sinto com a mesma força, mas no fundo começo a sentir que não.
Porventura infinitas vezes as minhas antigas paixões me deram razões para deixar este vicio. E a prudência diz-me que devia calar o sentir. Mas de que me vale ignorar o que pareço, mera desvontade?
Não quero desistir do amor. Sou corrompida em amor. Preciso constantemente de amar e de ser amada. Sou pervertida em amor. Não precisamos todos nós disso?
Sou viciada em amor, mas será realmente amor o que sinto por ti?
Porventura infinitas vezes as minhas antigas paixões me deram razões para deixar este vicio. E a prudência diz-me que devia calar o sentir. Mas de que me vale ignorar o que pareço, mera desvontade?
Não quero desistir do amor. Sou corrompida em amor. Preciso constantemente de amar e de ser amada. Sou pervertida em amor. Não precisamos todos nós disso?
Sou viciada em amor, mas será realmente amor o que sinto por ti?
segunda-feira, 15 de maio de 2006
Um tal não conhecer o que expelir
Balbuciaste um tal não conhecer o que expelir, que o meu a sangue frio estagnou.
Tu viajas muito no teu entendimento, incessantemente acostumado a planear mecanicamente o que te empurra o sentir. O sobressalto do que deves ter ouvido creio ter-te feito sorrir triunfantemente, afinal pareceste do meu sentir, apartado de mim.
Ouço o lado esquerdo do meu coração a bater, como um tambor desnorteado. Estranho o seu lado direito, a olhá-lo no seu movimento sincopado e enfadado de bater por quem dele é de direito mas o nega.
E hodiernamente choro sobre aquele abraço inventado, aqueloutro que um dia me toldou o sorriso e me aprisionou o olhar só em ti, como se o mundo contigo, mesmo que somente na sua assiduidade mental, tivesse mais fulgor.
E não me elucidas a embriaguez do coração, ficas sensibilizado com as minhas desculpas e desprezas-me o sofrer. Transfiguras-me o ser que te ama e a quem tu impões calamidade.
E por mais que me esforce, é impossível não me sentir entristecida e decepcionada. O tempo em nada tem razão, só te deixa cada vez mais dentro do meu hábito espiritual, e nem ele é capaz de sarar todos os males, é improfícuo.
A pouco e pouco, num esforço inumano e sem nenhum arrojo, refugio-me na ideia de que sem ti a minha vida presumivelmente possuísse mais alma. E escrevo isto para ti, peculiarmente para ti, para que saibas que enquanto tenho vida anseio tocar-te o coração, sem repreensão … mesmo sabendo que o que escrevo não o lês e que tudo o que escrevo sobre ti e para ti talvez nem sequer seja real.
Faço-o porque contigo ou sem ti… um dia quero ser livre!
Tu viajas muito no teu entendimento, incessantemente acostumado a planear mecanicamente o que te empurra o sentir. O sobressalto do que deves ter ouvido creio ter-te feito sorrir triunfantemente, afinal pareceste do meu sentir, apartado de mim.
Ouço o lado esquerdo do meu coração a bater, como um tambor desnorteado. Estranho o seu lado direito, a olhá-lo no seu movimento sincopado e enfadado de bater por quem dele é de direito mas o nega.
E hodiernamente choro sobre aquele abraço inventado, aqueloutro que um dia me toldou o sorriso e me aprisionou o olhar só em ti, como se o mundo contigo, mesmo que somente na sua assiduidade mental, tivesse mais fulgor.
E não me elucidas a embriaguez do coração, ficas sensibilizado com as minhas desculpas e desprezas-me o sofrer. Transfiguras-me o ser que te ama e a quem tu impões calamidade.
E por mais que me esforce, é impossível não me sentir entristecida e decepcionada. O tempo em nada tem razão, só te deixa cada vez mais dentro do meu hábito espiritual, e nem ele é capaz de sarar todos os males, é improfícuo.
A pouco e pouco, num esforço inumano e sem nenhum arrojo, refugio-me na ideia de que sem ti a minha vida presumivelmente possuísse mais alma. E escrevo isto para ti, peculiarmente para ti, para que saibas que enquanto tenho vida anseio tocar-te o coração, sem repreensão … mesmo sabendo que o que escrevo não o lês e que tudo o que escrevo sobre ti e para ti talvez nem sequer seja real.
Faço-o porque contigo ou sem ti… um dia quero ser livre!
sexta-feira, 12 de maio de 2006
Questão de amor
Aquele primeiro capítulo senti-o chegar ao fim, mais um final, sempre o mesmo final. Uma questão de amor disseram-me eles, a pungir o entendimento, a desprezar a verdade corpórea, que só atingi quando rememorei o brilho do seu sorriso. Aqueloutro que me fazia devanear quimeras de outro alguém e ouvir a candura subconsciente, que se soltava com o germinar de vidas, sem história própria.
Virei a página e esperei pelo próximo capítulo, no qual almejei que a minha razão prevalecesse. Verosimilmente o final, sempre o mesmo final, é inteligível. Demorei-me, fingi ler os rumores… uma questão de tempo. E o lutar contra o que não sustive embriagou-me o coração. Mais uma vez sabia qual era o meu papel na tua vida e ainda sei qual é o teu na minha. O meu guardei-o para mim, por uma questão de esmorecimento. O teu, nem tu nem eu fazemos ideia, mas um dia, chegaremos lá. É uma questão de amor...
segunda-feira, 1 de maio de 2006
Cúmplice
Deixei que as tuas mãos se perdessem nos meus cabelos, que me beijasses a pele da face ainda fria e me sentisses. Não disse nada.
Esperei que o meu peito me deixasse de doer. Porquanto sentia a tua exalação meiga e agreste, tão aconchegada ao ouvido do meu pensamento, e contendi para não te sentir.
E esses teus abraços gastos e essa tua história decrépita fizeram-me ser cúmplice de tudo o que ainda não dissemos e da culpa que sinto em te sentir.
* Para um amigo
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