segunda-feira, 5 de junho de 2006

Silêncio do nada

Nada é uma quimera quando amordaçamos um mundo só nosso. Um dia, perdi-me do meu, deixei-o aluir naquela nuvem que cheira a algodão doce. Tal como te perdi num sorriso isento de pureza e amizade, aqueloutro que sempre reconheci em ti... ironia, ver num rosto semelhante ao teu um sorriso desconhecido de quem possui o mundo nas mãos e, para quem, os outros seres são meros corpos debilitados de sentirem e serem. Mas o engano desvanece-se com a realidade que não dá lugar à imaginação, e aí a nuvem rebenta-nos nas mãos, perdendo a suavidade que outrora nos deixava aquietar. Não sei mais desse mundo, amigo, só relembro o aroma do sentir que sentimos. E tenho em mim, um vazio do teu lugar, onde os ventos são turbilhões de rupturas e lágrimas caídas no silêncio de quem não chora. De quem não sabe o que falar. De quem nem sabe o que sente ou pensa. E não me peças para compreender essa tua fragilidade perante o encanto ilusório de uma dádiva deturpada, como se fosses uma criança inocente que recebe um doce de um desconhecido! Sim, estas são palavras soltas, entre mais uma noite, sem qualquer sentido para ti... afirmações incertas, que descubro numa casualidade com muito sentido, pois não existem coincidências, apenas verdades e factos. Sei lá!
Hoje, tenho um lugar secreto, só meu, onde o amor que sinto é repleto de borboletas de algodão doce e onde a chuva me sabe a chocolate quente. Onde rememoro como nos deslumbramos, com sorrisos repletos de amizade, doçuras, municiados de caramelo e polvilhados de um aroma de baunilha...
Um sítio onde embalo os meus sentires e crio metamorfoses do que consinto e cogito… e deslindo que nos perdemos num sorriso misterioso e num silêncio... já viste a ironia??...
Num silêncio do nada.

Sem comentários: