sábado, 20 de maio de 2006

Vício de amar

Eu ao contrário de ti vivo na lucidez, que até então estava perdida, e vivo dentro de mim, na etapa da tua ausência. Vendi a minha caixinha de vida, pintei o meu corpo daquela cor de esperança e assoberbei-me de amor. Alheei-me da minha própria existência, e não me perguntes como, sinto-me feliz e não me sinto só. Enrosquei-me de amor. E a minha crença inabalável em amar faz-me ser uma espécie de peregrina sem destino. Amo porque preciso de amar, para viver. Sim, tenho receio, tanto medo, de perder a direcção e desbaratar a minha alma, num trajecto sem encruzilhadas e sem destino retrógrado. Infortúnio dos deuses, ou desse tal Deus que tantos proferem, em nenhuma circunstância o meu caminho é o mesmo que o teu, e não me é permitido interferir no teu desígnio, no que pensas ou sentes, quanto mais mudar o curso da tua vida. E os dias perdem o que tu não cedes. E eu respiro amor. Preciso de o sentir a cegar-me. E quero acreditar que apesar do silêncio sentes tudo o que sinto com a mesma força, mas no fundo começo a sentir que não.
Porventura infinitas vezes as minhas antigas paixões me deram razões para deixar este vicio. E a prudência diz-me que devia calar o sentir. Mas de que me vale ignorar o que pareço, mera desvontade?
Não quero desistir do amor. Sou corrompida em amor. Preciso constantemente de amar e de ser amada. Sou pervertida em amor. Não precisamos todos nós disso?
Sou viciada em amor, mas será realmente amor o que sinto por ti?

1 comentário:

DarkViolet disse...

Gostei da palavra "porventura"...gosto dessa palavra...