terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Muito pouco.

Não sei que palavras te hei-de desenhar…
Quimera essa de te desejar aquando de te esquecer.
Ideias embaraçadas.
Olho-te com desatenção, almejando não te querer abraçar.
Cansaço possuído extorque-me a alma lívida de te ansiar.
Desamparo-me de ti… moída das tuas evasivas desafinadas.
Desejo-te não te querer…
Vou olhar-te com desdém e desejar que te percas nessas ruas, que não reconheço, mas que depreendo que adoras vagar…
Vou indagar os caminhos que tu pisas e vou desacatar-me deles…
Dou ao tempo tempo, calma…

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Consumida!

Estou cansada!
Estou cansada da tua displicência. Estou cansada dos teus contemplares desconsolados e penetrantes que me desnudam a alma. Estou cansada do teu olhar de ser ressentido quando afinal quem escalavra és tu.
Estou tão cansada de persistir na lide do que já é lívido. Esgoto-me de te ver olhar como quem quer.
Estou cansada de te querer tanto, de não conseguir desembaraçar-me do que nutro por ti. Cansada de mim e do meu espírito de peleja, do meu embaraço, do meu querer. Cansada de olhar para ti, de esperar que me chames, de te chamar e tu não vires, de me telefonares de repente e sem aviso, mudando tudo de novo, pondo-me de pernas para o ar, de coração em sobressalto, de alma cansada de vida vazia.
Estou cansada!
Estou cansada de lutar contra este sentimento arrebatador de te amar e não te conseguir deslembrar! De repente sinto que já me foges dos sonhos, contudo no momento sequente atas-me as mãos e embalas-me no peito sentido da vida!
Mas sabes do que me canso mais? De não te entender...de não me deixares ir de vez, de deixares sempre uma ponta presa, um parecer enternecido, um vestígio de afecto, um olhar de ternura, um toque de possessão…
Estou cansada!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

O Velho...


"Parado e atento à raiva do silêncio de um relógio partido e gasto pelo tempo estava um velho sentado no banco de um jardim a recordar fragmentos do passado.
Na telefonia tocava uma velha canção e um jovem cantor falava da solidão, que sabes tu do canto de estar só assim só e abandonado como o velho do jardim?
O olhar triste e cansado procurando alguém e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém. Sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver a imagem da solidão que irão viver quando forem como tu, um velho sentado num jardim ...
Passam os dias e sentes que és um perdedor, já não consegues saber o que tem ou não valor. O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim pra dares lugar a outro no teu banco do jardim. O olhar triste e cansado procurando alguém e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém! Sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver a imagem da solidão que irão viver quando forem como tu, um resto de tudo o que existiu, quando forem como tu, um velho sentado num jardim ..."

*[Mafalda Veiga - Velho]*

Vestigios de ti!

Deixaste perdida no ar a promessa de que vinhas. Um dia virias. E eu acreditei!
Ingenuidade, ou simples vontade de finalmente te ter a meu lado.
Especial? Oh mísera falsidade. Ou mera cobardia. Sempre tive uma grande falta de aptidão para crer nas pessoas, mas tu, tu conseguiste-me dar a volta, soubeste ter o infeliz dom de me fazer confiar em ti.
O que terás tu feito de tão deslumbrante e surpreendente para me captares com tanto sentimento os meus sentidos, o que terias tu de tão especial (ou de tão pouco) que me tivesse tornado tão envolta de ti, o que tens tu de tão encantador … que me faz aos teus olhos e aos meus olhos tão vulnerável…Agora… deixei de me demandar acerca disso, limitei-me a acreditar e a acomodar-me naquelas tão vulgares frases ditas, tantas vezes vistas em filmes e em livros, e tão banalizadas nas músicas comerciais de hoje em dia… simplesmente “porque tinha que ser assim”. E ponto final parágrafo.
Tal não era a necessidade de uma resposta. Mais uma vez voltei a contrariar toda aquela minha linha racionalizada de pensar. Chega a ser irónico, no mínimo sarcástico… mas a verdade é que me enganei tanto. E tu enganaste-me tão bem, e sem perceber porquê continuas a enganar!
Admiro a feição como todos te enlaçam desesperadamente! O olhar triste e cansado que irradias aos que te envolvem… sim, continuas a procurar a alguém… despes sorrisos… contudo asfixiaste no meio da multidão que te venera.
Sabes, no fundo acho que foges de mim. Com medo que o chão que nos segura te fuja entra os dedos frágeis, que tanto gosto que me acarinhem o cabelo.
Faz-me falta a simplicidade do teu olhar, a maneira como vias as coisas, como rias, e me pedias para te velar, sempre.
Hoje… abraço os vestígios de ti!

sábado, 14 de janeiro de 2006

Pequenos detalhes...

Beberiquei na caneca de chocolate quente, que há algum tempo se deparava distraída na mesa da sala e encostei-me ao sofá. Não quis pensar, não quis aquele turbilhão de pensamentos e sentimentos a enrolar a cem à hora pela minha cabeça em rodapé.
Não quis a tua imagem incessante enquanto fechava os olhos e encostava a cabeça nas almofadas. Enquanto ouvia a música melancólica pela última e milésima vez consecutiva esta noite, aquela que tantas recordações me traz de ti.
Queria só mais um pouco, por um pouco mais. Apagar as luzes, e voltar a sentir o teu corpo abraçado ao meu, em perfeita reciprocidade, sem qualquer desejo. Como que se a tua presença fosse o suficiente. A verdade é que me invadiste o pensamento, a minha consciência construiu aquele castelo indefeso que te deixa por vezes estrondear o meu vazio.
Consumo-me quando matuto que foi o suficiente não saber como te dizer adeus, o não querer dizer-te adeus, e mesmo assim, saber que tinha do dizer… como me esgota deixar de amar o passado!
Agora vejo que talvez me tenhas cedido tempo, talvez me estivesse a dar oportunidade, a mim própria, de guardar uma das coisas mais puras e mágicas daquilo que um dia fomos, juntos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Dia de sem ti, contigo...

Olhou-me da mesma maneira, sem nunca recusar um sorriso, aquele eterno sorriso pintado para mim… até ontem!
Sempre se deixou acariciar, complacente... sem nunca compelir com a retribuição do afago. Sempre lhe não retribuí as palavras que nunca me disse. Mas sempre sussurrei o ‘adoro-te’ terno de uma paixão asfixiada… ainda hoje!
Sempre omiti o que nada importa. Sempre à espera, mesmo sabendo que nada o amparava!
E sem nunca censurar os seus abraços que jamais olvidei... na impossibilidade de impor a desilusão, o entorpecimento!Sempre lá… sempre aqui!
Não renegando o passado que de impretéritos só as suas certezas... porque só assim é possível seguir em frente.
Sempre em frente insensata memória, pois…