Balbuciaste um tal não conhecer o que expelir, que o meu a sangue frio estagnou.
Tu viajas muito no teu entendimento, incessantemente acostumado a planear mecanicamente o que te empurra o sentir. O sobressalto do que deves ter ouvido creio ter-te feito sorrir triunfantemente, afinal pareceste do meu sentir, apartado de mim.
Ouço o lado esquerdo do meu coração a bater, como um tambor desnorteado. Estranho o seu lado direito, a olhá-lo no seu movimento sincopado e enfadado de bater por quem dele é de direito mas o nega.
E hodiernamente choro sobre aquele abraço inventado, aqueloutro que um dia me toldou o sorriso e me aprisionou o olhar só em ti, como se o mundo contigo, mesmo que somente na sua assiduidade mental, tivesse mais fulgor.
E não me elucidas a embriaguez do coração, ficas sensibilizado com as minhas desculpas e desprezas-me o sofrer. Transfiguras-me o ser que te ama e a quem tu impões calamidade.
E por mais que me esforce, é impossível não me sentir entristecida e decepcionada. O tempo em nada tem razão, só te deixa cada vez mais dentro do meu hábito espiritual, e nem ele é capaz de sarar todos os males, é improfícuo.
A pouco e pouco, num esforço inumano e sem nenhum arrojo, refugio-me na ideia de que sem ti a minha vida presumivelmente possuísse mais alma. E escrevo isto para ti, peculiarmente para ti, para que saibas que enquanto tenho vida anseio tocar-te o coração, sem repreensão … mesmo sabendo que o que escrevo não o lês e que tudo o que escrevo sobre ti e para ti talvez nem sequer seja real.
Faço-o porque contigo ou sem ti… um dia quero ser livre!